Nós mães somos uma espécie à parte, nem melhor, nem pior que vocês mulheres. Todas as mães são mulheres, mas nem todas as mulheres querem ser mães. Acredito que existe um pacto secreto entre nós mulheres de nos admirarmos mutuamente em segredo, quietas ou dando likes no mundo atual. Não é fácil ser mulher, dessa luta todas nós temos nossas cicatrizes e são essas que nos fizeram crescer, florescer, e decidir nos tornar mães. Veja, do momento que a semente é plantada nós nos tornamos leoas sem ao menos perceber. Quando antes o seu instinto era colocar a mão na cabeça para se proteger, agora é na barriga.
Lambemos as crias reclamando do estado deplorável em que nos encontramos. Para nós, assuntos corriqueiros se tornam obsoletos, assim como nossa individualidade. Assim como vocês procuram felicidade pessoal, correm atrás dos sonhos, nós mães também, mas nós somos dois hoje em dia, e falar deles é, na verdade falar de nós.
Do nosso estado individual mulher forte nos transformamos em extensão de nós mesmas, essa mais importante que o total. Desaprendemos a vida em sociedade para aprender que a nossa sociedade cria-se em casa, agora a música toca baixo e
Agora a música toca baixo, os passos são leves, as luzes amenas, o toque aveludado. Delicadamente aprendemos que a calma faz parte essencial de qualquer tempero momentâneo do dia. O cansaço é o nosso mais novo companheiro, nunca nos abandona. Com a constante companhia ilustre, a individualidade pediu licença e saiu de fininho. A transformação é violenta, brusca e avassaladora, não há tempo de pegar qualquer coisa no meio do furacão. A casa está vazia, devastada, não sobrou nada do nosso eu anterior, apenas o ser mulher. Algo muito forte, como um mar bravo, levou embora o que havia em nós, esse algo é o amor. Amor esse em forma humana, amor esse nunca sentido, devastador. O eu morto renasce Nós vibrante. Na vida estendida que ganhamos reaprendemos a andar, falar, respirar, comer, ler, refazer tudo de novo. Reaprendemos a viver, e por isso falamos tanto sobre o assunto com tanta reclamação. Quando reaprendemos a andar, caímos e isso dói. Quando reaprendemos a falar, precisamos ficar quieta e isso dói. Quando reaprendemos a comer, precisamos nos privar, e isso dói. Dor de crescimento claro, mas não deixa de doer, e quando dói se chora, e nosso choro incomoda para quem não está sentindo essa dor doce. A extensão de nós mesmas, um pedaço de nós, chega ao mundo para redefinir o amor, o sentido da vida, a felicidade dos novos sabores. O mundo fica mais colorido, pois tudo é novo, e o novo é assustador, mas sempre foi mais emocionante, animador e pulsante. A novidade sempre é algo que precisa ser compartilhado, e nós novas no mundo, entendendo como ele funciona, precisamos contar às almas próximos os novos horizontes que estamos desbravando. Nem sempre somos bem recebidas, pois agora estamos reaprendendo, somos novidades, e somos nós, e nós choramos, temos fome de viver e podemos incomodar. É importante dizer que precisamos aprender e queremos ajuda e sem nossos amigos de vida quem irá segurar nossas mãos para os nossos primeiros passos? Não há possibilidade da ausência de amizades, mas é preciso lembrar que agora preciso me reinventar, preciso aprender a andar antes de correr ao seu lado. Tenham paciência.
Agora a minha música toca baixo, os meus passos são leves, e as minhas luzes amenas, o choro alto e o cansaço, meu novo companheiro de vida. Não fique com ciúmes dele amiga, mas sinto lhe informar, é com ele que vou começar a sair a partir de agora, mas não se preocupe, uma hora ele me cansa e eu volto para você, eu nova, eu nós.
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